quinta-feira, 22 de março de 2018

Encanto e Desconforto

Gosto demais da analogia sobre a cosmovisão humana exemplificada por uma rosa. Há quem olhe para o mundo e viva encantado pela beleza da "flor", mas há também aqueles que vivem deprimidos por causa do desconforto dos "espinhos". A verdade é que, independente de como seja a minha visão de mundo, só a experiência de estar vivo sempre vai incluir flor e espinho, encanto e desconforto, beleza e feiura. O nosso desafio é justamente aprender o equilíbrio de se viver bem as duas coisas. A isso, chamo de maturidade.

Uma pessoa que vive só da perspectiva do encanto, mergulhando e buscando fantasias de um mundo idealizado ou virtual, onde não há necessidade de se lidar com nenhum tipo de "espinho", pode entrar numa grande enrascada. Olha que interessante o que diz o Observatório Tecnológico de Santa Catarina sobre o cultivo de rosas sem espinhos que tanto tem crescido no mercado: "(...) esta rosa é muito mais suscetível à pragas, é também mais sensível e precisa de um cuidado maior com insumos e outros detalhes na produção." (site). Além disso, a rosa, quando se tem espinhos mas eles são cortados fora, fica machucada e vive menos. Que intrigante, não é mesmo? A ausência dos espinhos deixa a rosa desprotegida, machucada, extremamente sensível, mais suscetível à doenças, com menor tempo de vida e ainda precisa de cuidados artificiais para se manter viva. Uau! Quantos malefícios causa a ausência de espinhos na vida de uma rosa! E fazendo uma aplicação, se vivermos apenas com a visão romântica do encanto da "flor", querendo anular os espinhos à todo custo, isso irá limitar e prejudicar a nossa qualidade de vida.
Mas é importante considerarmos também que, até certo ponto, a paixão de se viver o encanto da "flor" é algo extremamente necessário para a vida humana sim. Sem paixão não há vida! Essa é a ótica da abundância versus escassez. Precisamos aprender a viver olhando tudo ao nosso redor, olhando as pessoas, olhando as circunstâncias que nos sobrevêm com a perspectiva da abundância. Isso é aprender a se encantar com a beleza da "flor" apesar dos espinhos, pois a flor ainda é real, cheirosa e bela. Existe vida entre os espinhos! Ter uma visão romântica da vida e das coisas ao nosso redor é sim uma parte muito saudável e necessária. Só deixa de ser saudável quando o meu encanto ou paixão quer anular totalmente a existência dos "espinhos", ao invés de aprender a lidar e conviver com eles.

Em contrapartida, há também o outro lado extremista da história, que é aquela ótica focada no desconforto, onde encara tudo na vida como espinho, tudo é falta, tudo é escassez, tudo é duro, tudo é feio, tudo é dor. A pessoa que vive constantemente nessa perspectiva pode até saber cumprir as obrigações, as tarefas do dia a dia, mas há grande chance dela viver com ausência de paixão, apenas em modo "enfadonho". A vida, para essa pessoa, muitas vezes se resume em algo apenas mecânico, frio e rígido, e dificilmente consegue se deleitar na "beleza e cheiro" da "flor".
O que posso chamar de "espinhos" na vida? Os problemas? As adversidades? Lavar louça? O carro quebrado? Uma enfermidade? Um amigo que me traiu? Uma jornada de trabalho mais intensa? Descascar batatas? Uma prova difícil na escola? Acordar cedo? Uma matéria na faculdade que odeio? Entendo que podemos ter duas relações diferentes com os diversos espinhos da vida: há aqueles espinhos que não nos machucam, mas precisam permanecer ali junto à "rosa", para que ela viva bem e protegida. Um exemplo simples: por mais que uma criança odeie escovar os dentes ou tomar banho, por mais que isso possa parecer o fim do mundo para ela a ponto de chorar, espernear e fazer pirraça, ainda assim ela precisa escovar os dentes e tomar banho, para o próprio bem dela. Os pais, que são mais maduros, entendem isso, e insistem na esperança de que um dia essa experiência tão irritante para a criança vai virar algo prazeroso. Sim, um dia seu filho vai amar tomar banho! (rs). Outro exemplo: por mais que lavar louça seja uma tarefa extremamente difícil, chata e enfadonha para alguns, sabemos que ainda assim isso precisa ser feito, para o meu próprio bem e para o bem comum de minha família. Eu chamaria esses, então, de espinhos que não machucam, mas precisam necessariamente fazer parte da vida, e desenvolvem nossa maturidade e caráter.
Mas há também aqueles espinhos que uma hora ou outra, sem podermos controlar, nos espetam e nos fazem sangrar. São situações que nos contrariam, nos machucam, como por exemplo um relacionamento rompido, um problema financeiro ou a morte de um ente querido. Ah, como é difícil! É doloroso ter que passar por espinhos como esses. Mas, ainda assim, por mais dolorosos que possam ser, precisamos nos lembrar de que eles são passageiros, o machucado uma hora ou outra vai cicatrizar. E se nos dispormos a aprender com a dor, esses espinhos sempre nos deixarão mais fortes do que antes, mais maduros e mais adestrados para outras guerras, e preparados para outras vitórias e conquistas.

O cerne da questão é: Qual a ótica pela qual tenho vivido?

É lindo observar em toda a Bíblia a maneira como Deus nos conduz a esse equilíbrio, nos ensinando como viver plenamente. Andar com Jesus gera em nós a capacidade de sabermos lidar com os espinhos, sem nunca perder a paixão e o encanto. Viver assim é libertador! O Espírito Santo de Deus quer nos levar cada dia mais a essa maturidade de vida, alegria, liberdade, constância, resiliência e satisfação. Não hesite em se render e aprender com o Criador e Mestre da Vida!

Jesus - "Eu lhes disse essas coisas para que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo!" (Jo 16.33)

"Os que olham para Ele estão radiantes de alegria; seus rostos jamais mostrarão decepção." (Sl 34.5)

Com apreço,

Suelen Migowski Vilela

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